sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A HISTÓRIA DA NATURIS

A ÉPOCA DA PRAIA DO PINHO

A Naturis nasceu na Praia do Pinho, oficialmente em 1989.
Na época, Celso Rossi e Paula Andreazza viviam num terreno recebido em Comodato, ao lado da Praia do Pinho, que batizaram de Paraíso da Tartaruga.

No Paraíso da Tartaruga, construíram um pequeno camping, em platôs, pois era na encosta de um morro, e instalaram as sedes da AAPP – Associação Amigos da Praia do Pinho e da Federação Brasileira de Naturismo, entidades fundadas e até então presididas por Celso Rossi.

Todos os anos, chegavam novos naturistas à Praia do Pinho, e ao Paraíso da Tartaruga, e estes comentavam com Celso e Paula que eles também sonhavam um dia poder largar tudo e ir morar numa área naturista.

Celso tinha a idéia de montar uma empresa, como uma cooperativa ou algo assim, que pudesse abrir possibilidades de trabalho a naturistas que quisessem viver em tempo integral no e do naturismo.

A REVISTA NATURIS

Para divulgação da AAPP e do Paraíso da Tartaruga, Paula editava o boletim informativo da AAPP, chamado PinhoÉ.
Um dia, resolveram dar um passo maior e transformar o PinhoÉ numa revista e a empresa que já possuíam, chamada Andreazza & Rossi Ltda, transformou-se na Naturis Empreendimentos Naturistas Ltda.
Muitas pessoas estavam na lista de potenciais sócios da nova empresa, mas apenas Milton Pereira integralizou, de fato, uma parte do capital, tendo se desligado posteriormente.

Auxiliados por Rose Espíndola Moennich, pois na época nem telefone havia por perto, começaram a desenvolver novos produtos, como camisetas e moletons, com a griffe Naturis, e adesivos. Paula Andreazza transformou o boletim informativo PinhoÉ na Revista Naturis n. 0 e os sonhos começaram a tornar-se realidade.

Era muito grande a dificuldade de conseguir patrocínio para a Revista Naturis, especialmente quando o verão terminava e todos os turistas voltavam aos seus trabalhos nas grandes cidades e Celso e Paula continuavam morando no Paraíso da Tartaruga, sem luz, sem telefone e, quando chovia, sem condições de ir até a cidade.

Investindo o resto de suas economias geradas em dez anos de trabalho anterior, como diretor de marketing, Celso apostou nas edições das Naturis ns. 1 e 2 como sendo o período necessário a que ela atingisse a viabilidade financeira.

Edson Medeiros, de São José dos Campos, era um grande apoiador da revista, especialmente na parte editorial, enquanto Sérgio de Oliveira tentava vender anúncios no Rio de Janeiro.

A Naturis era editada em português e inglês, pois o naturismo no Brasil era incipiente, enquanto na Europa e Estados Unidos possuía milhões de adeptos. A Revista Naturis tinha a pretensão de atingir esses mercados, atraindo turistas do hemisfério norte para as áreas naturistas no Brasil.

A romaria junto aos órgãos públicos era enorme, pois o mercado de empresários envolvidos diretamente com o naturismo era praticamente inexistente, e restava buscar o apoio de entidades oficiais incumbidas de desenvolver o turismo.

O PROJETO DE OCUPAÇÃO NATURISTA

Paralelamente, a empresa Naturis contratou uma parceria com José Élvio de Oliveira, dono de uma belíssima área de 14ha, com 350m de praia e privacidade total, para a realização da tão sonhada vila naturista. Na praia de Pedras Altas, em Palhoça/SC, a Naturis começou a implantar seu primeiro grande Projeto de Ocupação Naturista.

A inflação corria solta no Brasil e a dificuldade em cobrar os anúncios conseguidos dos órgãos públicos era muito grande.
Por outro lado, a FATMA, órgão de licenciamento ambiental em Santa Catarina, numa atitude comprovadamente discriminatória, embargou o projeto.

Após dois anos de lutas burocráticas e processuais, buscando apoio de todas as autoridades possivelmente competentes para a solução do problema – inclusive governador, presidente da Assembléia Legislativa, Ministro do Meio Ambiente – Celso e Paula decidiram deixar o Projeto Pedras Altas em suspenso, sair da Praia do Pinho – onde a situação fundiária não permitia o desenvolvimento de algo semelhante – e partiram em busca de uma nova área para construir seu sonho.

Com tudo isso, mais a precariedade das condições de trabalho, Celso e Paula tiveram de suspender a edição da Revista Naturis.


A PRODUÇÃO DE VÍDEOS DOCUMENTÁRIOS

Na última temporada em que esteve sediada no Paraíso da Tartaruga, na Praia do Pinho, a Naturis contratou o trabalho de filmagem de uma empresa de Balneário Camboriú, com o intuito de produzir o primeiro vídeo documentário naturista brasileiro.

Filmagens e fotografias sempre foram tabus em áreas naturistas. Para evitar transtornos, a Praia do Pinho foi dividida em duas metades, ficando reservado o canto sul para a obtenção das imagens. Assim, para garantir a segurança e a tranqüilidade dos demais usuários da praia, somente participaram das filmagens aqueles que assinaram o documento de autorização, nas mãos de um naturista que ficava com o encarregado de fiscalizar o trânsito entre as duas partes da praia.
Durante mais de um ano, Celso Rossi realizou três diferentes edições sobre o mesmo material colhido durante o feriado de Carnaval, para finalmente chegar a um resultado adequado e lançar o vídeo “Praia do Pinho: Um Paraíso Naturista.”
Uma trilha sonora foi composta especialmente para fazer fundo às imagens e dezenas de depoimentos apresentavam o estilo de vida naturista, de forma simples, porém verdadeira.
O vídeo foi um sucesso e, nos anos seguintes, muitos milhares de pessoas tornaram-se adeptas ao naturismo após assisti-lo.
Este trabalho viria a consolidar a divulgação da Praia do Pinho e do Movimento Naturista, além de, mais tarde, servir de suporte aos elevados custos de impressão e distribuição da Revista Naturis.

O DESENVOLVIMENTO DO MERCADO NATURISTA

Até então, os sonhos eram grandes, mas a realidade do mercado naturista era insuficiente para sustentá-los.

Logo que fundou a FBN, em 1988, Celso Rossi organizou, junto com gaúchos, paranaenses e paulistas, três outras associações: a AGN – Associação Gaúcha de Naturismo, Parnat – Associação Paranaense de Naturismo e a SP-Nat – Associação Paulista de Naturismo.
Após quatro anos, entretanto, nenhuma delas ainda existia. Tinham sucumbido nos próprios processos eleitorais e de elaboração de estatutos.

Para despertar novamente a organização naturista, Celso Rossi, à frente da FBN, começou a implantar vários núcleos naturistas, com delegados nomeados e sem personalidade jurídica própria – não necessitando assim, estatutos. Então surgiram o NPN – Núcleo Paulista de Naturismo, tendo Alexandre Tsanaclis como seu Delegado, o NGN – Núcleo Gaúcho de Naturismo, com Roberto Marques Soares, o NPN – Núcleo Paranaense de Naturismo, com Mário Van Den Bylaardt, além de outros tantos, em vários estados do Brasil. Também integrada ao novo processo de desenvolvimento, estava a Rio-Nat – Associação Naturista do Rio de Janeiro, tendo à frente Sérgio de Oliveira.
Esta nova onda necessitava de um veículo de comunicação e integração desse público naturista que voltava a se reunir de modo organizado.

A VOLTA DA NATURIS

Ressurgiu, assim, a Revista Naturis, no seu n.03, com poucas páginas, edição econômica, capa em preto e branco e a maior parte do conteúdo reportando o trabalho dos núcleos naturistas recém criados. Parte dos custos da revista ainda eram bancados pelos próprios idealizadores, mas uma considerável fatia de custos já era absorvida pela venda de fitas de vídeo, por novos assinantes e outra parte subsidiada pela própria FBN, carreando parte dos recursos da arrecadação dos núcleos.

A partir desse momento, com a revista Naturis difundindo as idéias naturistas e estimulando os naturistas a dedicarem-se ao Movimento, começaram a se proliferar novas áreas naturistas, a maioria delas provenientes dos núcleos que se transformaram em clubes ou associações, como o clube Rincão, em Guaratinguetá/SP, o sítio Fulano de Tal, em Lapa/PR, a praia de Barra Seca, em Linhares/ES; o Sítio Ibatiporã, em Porto Feliz/SP; o Recanto Paraíso, na Serra das Araras/RJ; o Solar de Guaratiba, em Guaratiba/RJ. Além destas, áreas já existentes, como a Praia do Pinho, em Balneário Camboriú/SC; a praia de Tambaba, em Conde/PB e a de Pedras Altas, que, em que pese o grande projeto estivesse embargado, possuía um grupo de naturistas atuantes em torno do CNPA – Clube Naturista Pedras Altas.
Todas essas novas áreas naturistas começavam a tornar viável a comercialização de anúncios em uma revista naturista que, sendo distribuída nas bancas do país, divulgava e atraía novos adeptos a cada dois meses, o que, por sua vez, reforçava as próprias áreas naturistas, com novos sócios.

A QUALIDADE EDITORIAL

O estilo da Revista Naturis apresentava sempre um trabalho de qualidade e bom gosto.
Paula Andreazza dirigia a parte editorial e realizava, pessoalmente, as fotos das matérias, procurando sempre o melhor ângulo e, principalmente, visando um resultado no qual os naturistas que tivessem suas fotos publicadas na revista se sentissem orgulhosos por isso.

Diferentemente de outras publicações do gênero, destinadas exclusivamente ao público naturista, a Revista Naturis, visava atrair a atenção do público em geral para, com isso, angariar novos adeptos. Sendo assim, sempre houve a preocupação de não expor ostensivamente genitais, de modo a não chocar os mais pudicos e permitindo que a revista passasse, de mão em mão, sem o constrangimento ou a sensação de proibido, característicos de outras publicações que apresentam corpos nus, porém com intenção erótica.

Todos os recursos provenientes da venda de produtos, da venda em bancas, de anúncios, e ainda uma boa parcela de dinheiro próprio eram investidos na impressão de cada nova edição, buscando sempre ampliar o número de páginas, fotos coloridas, papel couchê, tiragem.

A ERA COLINA DO SOL

Após pesquisar áreas de terras em várias partes do Brasil, em especial na Bahia, no interior de São Paulo e no Rio Grande do Sul, Celso e Paula encontraram uma chapada no topo uma colina, no município de Taquara/RS. Em função da localização, dos recursos naturais da área e da privacidade oferecida pelo terreno, já que todas as divisas encontravam-se abaixo da linha máxima, em todas as direções, decidiram que ali, finalmente, executariam seu Projeto de Ocupação Naturista.
O lançamento e o sucesso da Colina do Sol foi um novo impulso para a Naturis, que recebeu um considerável investimento por parte dos recursos gerados pela Colina.
Mais um vídeo documentário foi produzido, com o título “Colina do Sol: A realização dos nossos sonhos de felicidade”.
Ao mesmo tempo, o naturismo no Brasil ganhou um novo impulso e inspiração editorial. Novos nomes surgiram, como Cândida Furtado, auxiliando na seleção de matérias e na redação de ótimos artigos; Sérgio Costa e Fritz Louderback – este último americano, vindo morar na Colina – encarregando-se da tradução para o inglês.
O passar dos anos e a continuidade das edições da Naturis, com mais de vinte e cinco números, fez com que se tornasse um ícone do naturismo brasileiro, não apenas a nível nacional, como também internacional.

A INTEGRAÇÃO DA INFORMÁTICA

Com a difusão da Internet, a Naturis não tardou a ocupar um espaço de destaque, já em meados de 1998, quando seu site www.naturis.com.br já recebia mais de trezentas visitas diárias.
Visando levar a idéia naturista aos jovens e pessoas mais integradas aos computadores, a Naturis firmou uma parceria com Richard West, canadense, fotógrafo naturista e produtor da revista em CD-Rom “Virtually”, ajudando, inclusive a viabilizar sua vinda ao Brasil para a realização de fotografias e a produção de CD-Rom sobre o naturismo brasileiro.

A DESCENTRALIZAÇÃO E O SANGUE NOVO

A distribuição da Revista Naturis, por intermédio de distribuidoras especializadas, não estava trazendo resultados satisfatórios, pois a Naturis acabava ficando esquecida no depósito em meio a tantas outras publicações. Marcelo Pacheco, que já trabalhava na Colina do Sol, foi então convidado a iniciar um serviço de distribuição direta para as bancas de revistas.

O resultado desse trabalho foi o crescimento das vendas, em Porto Alegre, em índices sem precedentes. A Naturis vendia mais do que muitas revistas tradicionais, pois passou a ficar exposta, através de um trabalho personalizado de contato com o pessoal das bancas.
Poucas edições após, Marcelo assumiu a distribuição direta também para a cidade de São Paulo.

Na seqüência desse desenvolvimento, ele foi convidado a gerenciar a distribuição da Naturis para todo o Brasil, vindo residir, permanentemente, com sua companheira, Carina Moreschi, na Colina do Sol.

Paula Andreazza, já muito envolvida com outras atividades na Colina, transferiu a responsabilidade pela parte editorial da Revista Naturis para Carina Moreschi, que integrou-se ao time, ao mesmo tempo em que cursava a faculdade de Publicidade, em Taquara. Carina, juntamente com a equipe da TCA Informática, desenvolveram, então, a Revista Naturis Online, levando a possibilidade aos naturistas e simpatizantes de realizar o download da Naturis no seu próprio computador.

Finalmente, em meados do ano 2000, Priscila Zanchetta, produtora cultural, veio instalar-se na Colina do Sol, com seus filhos e, além de dirigir o Masti – Centro de Desenvolvimento do Potencial Humano (centro holístico da Colina), passou a apoiar o trabalho da Naturis.

Como decorrência natural dos acontecimentos, e realizando o sonho inicial, abrindo novos espaços para que naturistas dedicassem-se, profissionalmente, ao naturismo, Celso Rossi e Paula Andreazza transferem as quotas da Naturis, para Marcelo, Carina e Priscila, que são, ficam cerca de um ano à frente da empresa.

O CAPITAL SOCIAL DA NATURIS

O contrato social da Naturis não chegou a ser alterado para a entrada do novo grupo, pois Carina Moreschi era menor de 21 anos e sua participação não foi aceita pela Junta Comercial do Rio Grande do Sul.

Desde as alterações patrimoniais realizadas em decorrência da proposta aprovada de 15 de janeiro de 2000, o Capital Social estava dividido entre o Clube Naturista Colina do Sol (90%) e Sol da Colina Adm. Ltda (10%). De fato, a empresa pertencia totalmente ao Clube, pois a participação da Sol da Colina Adm. Ltda. ficou estabelecida apenas pela necessidade de haverem, pelo menos, dois sócios numa empresa Limitada. Nas alterações patrimoniais acima referidas, o Clube Naturista Colina do Sol recebeu as quase 100 casas edificadas sobre área da Colina, que eram de propriedade da Naturis, através da inserção do Clube como quotista da empresa. Os demais produtos da Naturis (revistas, marca, vídeos, site, etc.) foram repassados para à Sol da Colina Adm. Ltda. que, por sua vez transferiram a Celso Rossi e Paula Andreazza.
Finalmente, Celso e Paula venderam a totalidade dos produtos, estoques e matrizes de vídeos e CDs, bem como a marca Naturis e o site na Internet a Vanderlei Castresano, que reside na Alemanha, mas que pretende voltar a editar a Revista Naturis oportunamente.